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Deceptive Patterns: o cuidado que o empresário precisa ter para seu negócio

Deceptive Patterns: o cuidado que o empresário precisa ter para seu negócio

No mundo dos negócios digitais, os empresários de sucesso precisam estar atentos a práticas que podem comprometer a integridade e a confiança de suas operações. As chamadas “deceptive patterns” ou “dark patterns” representam uma dessas ameaças. Essas práticas são, simplificadamente, nudges negativos ou “sludges” que manipulam o processo decisório dos consumidores, impedindo uma decisão racional e informada. Vamos explorar o que são essas práticas, como elas impactam as empresas e como o setor jurídico pode atuar para mitigar esses riscos.

O Que São Deceptive Patterns?

As deceptive patterns são estratégias utilizadas em plataformas digitais para manipular o comportamento do usuário, dificultando decisões informadas e, em muitos casos, forçando ações não desejadas. Estas práticas estão alinhadas ao conceito de “economia da manipulação e do engodo” descrito por Akerlof e Shiller, onde as decisões de consumo são cada vez mais influenciadas por estratégias abusivas e ilícitas das empresas.

Existem diversos tipos de deceptive patterns, cada um exigindo soluções regulatórias distintas:

  1. Armadilhas de Arquitetura e Design: Exemplos incluem obstrução (impedir que o usuário cancele um serviço), ação forçada (forçar a contratação de serviços) e dificuldades para a execução de ações desejadas pelo usuário. Essas práticas violam direitos básicos do consumidor, como liberdade de escolha e proteção contra métodos comerciais coercitivos (CDC, art. 6º, II e IV).
  2. Interferência no Processo Decisório: Estratégias como preselection (opção pré-selecionada), confirmshaming (manipulação emocional), visual interference (design que oculta informações) e comparison prevention (dificuldade em comparar produtos) impedem uma decisão racional do consumidor. Essas práticas exploram vulnerabilidades e podem ser anuladas sob alegação de lesão, conforme a legislação brasileira.
  3. Informações Falsas ou Parciais: Práticas como publicidade disfarçada (disguised ads), falsa escassez (fake scarcity), provas sociais falsas (fake social proof) e custos ocultos (hidden costs) manipulam a percepção do consumidor. Estas estratégias são abordadas pelo CDC e pelo Código Civil, que protegem contra publicidade enganosa e abusiva.
  4. Manipulação Digital: Técnicas subversivas, muitas vezes imperceptíveis, que utilizam a coleta indevida de dados pessoais para manipular decisões. A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) é crucial aqui, garantindo a proteção dos dados e a autodeterminação dos consumidores.

O Papel do Departamento Jurídico

O setor jurídico em uma empresa não deve ser visto apenas como um departamento de suporte, mas como um verdadeiro parceiro de negócios. Sua integração e atuação estratégica são essenciais para garantir que as operações ocorram de maneira segura e eficaz. Aqui estão algumas maneiras pelas quais o departamento jurídico pode ajudar:

  1. Assessoria Estratégica: Fornecer orientação proativa sobre questões legais que afetam as operações da empresa, antecipando riscos e oferecendo soluções para mitigá-los.
  2. Participação em Decisões: Incluir advogados internos nas discussões e tomadas de decisão para assegurar que todas as ações estejam em conformidade com a legislação.
  3. Gestão de Riscos: Identificar, avaliar e gerenciar riscos legais associados às atividades da empresa, revisando contratos e avaliando litígios potenciais.
  4. Treinamento: Oferecer treinamento regular aos funcionários sobre questões legais relevantes para as operações da empresa, promovendo uma cultura de conformidade.
  5. Inovação Legal: Utilizar metodologias ágeis e ferramentas de automação para melhorar a eficiência e apoiar iniciativas inovadoras.
  6. Parcerias Internas: Colaborar estreitamente com outros departamentos para garantir uma abordagem integrada às questões legais e empresariais.

Exemplo Prático

Imagine uma empresa de e-commerce que decide implementar uma nova interface de usuário. O departamento jurídico, atuando como parceiro estratégico, revisa o design proposto para garantir que não inclua deceptive patterns. Eles trabalham com os designers para criar uma interface que seja clara, transparente e fácil de usar, protegendo os consumidores e evitando possíveis litígios.

Além disso, o jurídico treina a equipe de marketing sobre a importância de não utilizar práticas enganosas, assegurando que todas as campanhas publicitárias estejam em conformidade com a legislação. Isso não apenas fortalece a reputação da empresa, mas também promove a confiança e a lealdade dos clientes.

Conclusão

Para empresários que faturam altos valores, a compreensão e a prevenção de deceptive patterns são cruciais para manter a integridade e a confiança em suas operações. O departamento jurídico desempenha um papel vital nesse processo, atuando como um verdadeiro parceiro de negócios. Sua atuação estratégica pode transformar o setor jurídico em um facilitador essencial, garantindo que a empresa opere de forma segura, ética e eficaz.

Invista na integração do seu departamento jurídico e veja como ele pode ajudar a proteger sua empresa contra práticas enganosas, promovendo um ambiente de negócios mais transparente e confiável.

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